Aripiprazol
Atenção
Este informativo tem finalidade exclusivamente didática. Ninguém deve iniciar, suspender, aumentar ou reduzir a dose desta medicação sem orientação médica.
Este informativo não substitui a leitura da bula do medicamento.
Nomes
Aripiprazol é o nome do princípio ativo da medicação, utilizado na venda de medicamentos genéricos e manipulados. Nomes comerciais de similares incluem: Aipri® (Mantecorp), Confilify® (Sandoz), Toarip® (Torrent), Harip® (Prati Donaduzzi), Sensaz® (Cirstália), Biquiz® (Supera), Arpejo® (EMS). A medicação de referência é o Aristab® (Aché) apesar de este laboratório não ter desenvolvido o medicamento. A medicação original se chama Abilify® (Bristol Myers) e não é comercializada no Brasil.
O que é?
Popularmente denominado “estabilizador de humor” e “antipsicótico” apesar de possuir diversas outras indicações além de seu uso no transtorno afetivo bipolar e em quadros psicóticos. Trata-se de um agonista parcial dopaminérgico e antagonista de receptores 5HT21.
Como funciona?
O resultado final de seu mecanismo de ação é a regulação da ação da dopamina, reduzindo sua ação quando está alta demais (como no caso de quadros psicóticos) e aumentado sua ação quando a mesma está baixa (melhorando sintomas cognitivos, negativos e o humor)2.
O antagonismo de receptores de serotonina 5HT2 contribui para sua ação antidepressiva2.
Quando é indicado?
Na bula da medicação consta indicação para transtorno afetivo bipolar (episódio maníaco e misto) e esquizofrenia3.
Porém outras indicações que não constam na bula incluem: uso adjunto para depressão (como “potencializador” de antidepressivos), depressão do transtorno afetivo bipolar, síndrome de Tourrete, outros transtornos psicóticos, alterações de comportamento e irritabilidade (no autismo, em crianças, adolescentes e idosos com demência) e para controle de impulsividade2.
Quanto tempo demora para agir?
A melhora clínica não é imediata, mas sim progressiva e cumulativa ao longo do tempo. É esperado que ocorra uma melhora significava após 4 semanas de uso no tratamento da depressão, ainda que a pessoa possa perceber resposta desde a primeira semana de uso, como mostra o gráfico abaixo4.
Quando utilizada para o tratamento de esquizofrenia, episódio maníaco agudo e quadros psicóticos é esperada alguma melhora dentro de uma semana, ainda que a resposta completa da medicação possa demorar até 6 semanas para ocorrer2.

Como devo utilizar?
A dose da medicação irá depender do objetivo de seu uso. Quando utilizada na depressão, alterações de comportamento no autismo e em crianças são utilizadas doses mais baixas, de 2 a 15mg ao dia. No tratamento do transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e outros quadros psicóticos são indicadas doses de 10 a 30mg ao dia.
Pode ser tomada em dose única diária, no horário que for melhor tolerada (manhã, tarde ou noite)2.
Pode ser ingerido com ou sem alimentos3.
Quais são os efeitos colaterais?
A maior parte dos efeitos colaterais surgem e desaparecem ao longo das primeiras semanas de uso da medicação2.
Segundo a bula, os efeitos colaterais mais comuns (que ocorrem em mais de 10% dos pacientes) são: náusea/vômito, dor de cabeça, vertigem, constipação, insônia, acatisia/ansiedade/inquietação. Obs: acatisia é um efeito colateral no qual a pessoa se sente uma inquietação que piora quando fica parada e melhora quando se movimenta.
Engorda, vicia ou deixa dopado?
É citada como uma das melhores escolhas de sua família de medicamentos para evitar ganho de peso2,5. Segundo um importante estudo de revisão, os autores concluíram não encontrar evidências de ganho de peso com o aripiprazol6.
Não se trata de medicação “tarja preta” e não provoca dependência química5.
É uma medicação com pouca ou nenhuma ação sedativa2,5, ainda que até 8% dos pacientes que fazem uso se queixem de sonolência3.
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Referências
- STAHL, S. M. Stahl’s Essential Psychopharmacology: Neurocientific Basis and Pratical Applications. 5th Edition. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2021.
- STAHL, SM. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl: guia de prescrição.
6ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2019. - https://pro.consultaremedios.com.br/bula/abilify
- LENZE E. et al. Efficacy, safety, and tolerability of augmentation pharmacotherapy with aripiprazole for treatment-resistant depression in late life: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. The Lancet, 2015
- TAYLOR, DM; BARNES, TRE; YOUNG, AH. The Maudsley Prescribing Guidelines in Psychiatry. 14th Edition. New York,NY: Wiley Blackwell, 2021.
- PILINGER, T. et al. Comparative effects of 18 antipsychotics on metabolic function in patients with schizophrenia, predictors of metabolic dysregulation, and association with psychopathology: a systematic review and netword meta-analysis. The Lancet, 2020.