Brintellix

Vortioxetina®

Atenção

Este informativo tem finalidade exclusivamente didática. Ninguém deve iniciar, suspender, aumentar ou reduzir a dose desta medicação sem orientação médica.

Este informativo não substitui a leitura da bula do medicamento.

Nomes

Vortioxetina é o nome do princípio ativo da medicação. As medicações de referência (“original”) se chamam Brintellix® e Vurtuoso® (ambas produzidas pela Lundbeck). Similares produzidos por outros laboratórios incluem Voextor® (Libbs).

O que é?

Popularmente denominado “antidepressivo” apesar de também ser indicado para o tratamento de t. de ansiedade generalizada. Também é denominado agonista monoaminérgico e “modulador de serotonina”, sendo a única medicação pertencente a esta classe apesar de outras medicações terem ações semelhantes1.

Como funciona?

O resultado final de seu mecanismo de ação é o aumento da ação da serotonina, um neurotransmissor cuja baixa ação está relacionada ao desenvolvimento de diversos transtornos mentais2. Possui ainda outros mecanismos de ação, atuando nos receptores de serotonina (agonista 5HT1A, agonista parcial 5HT1B/D, antagonista 5HT3, 5HT7) e aumentando a ações de outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, histamina e acetilcolina2.

Quando é indicado?

Na bula da medicação consta indicação para depressão3.

Outra indicação que não consta na bula é seu uso no transtorno da ansiedade generalizada4.

Por ser uma medicação relativamente nova, é provável que ela seja eficaz para o tratamento de outros transtornos para os quais ainda não existem estudos publicados.

Quais sintomas serão tratados?

A melhora proporcionada pela medicação irá depender do seu diagnóstico.

Sintomas depressivos como tristeza excessiva, irritabilidade, falta de interesse por atividades antes prazerosas, falta de energia, falta de motivação, alterações de sono e apetite, desesperança, pensamentos de suicídio, dentre outros.

Sintomas de ansiedade como preocupações excessivas, irritabilidade, dificuldade de controlar as preocupações e relaxar, alterações do sono, irritabilidade, inquietação, tensão muscular, dentre outros.

Sintomas cognitivos relacionados à depressão, como perda de memória, dificuldade de concentração, dificuldade de tomar decisões e lentificação de raciocínio.

Quanto tempo demora para agir?

A melhora clínica não é imediata, mas sim progressiva e cumulativa ao longo do tempo. É esperado que ocorra uma melhora significava após 4 semanas de uso no tratamento da depressão, ainda que a pessoa possa perceber resposta desde a primeira semana de uso, como mostra o gráfico abaixo5.

Como devo utilizar?

A dose desta medicação varia de 5 a 20mg ao dia4. Em situações especiais, pode-se utilizar doses menores ou maiores6.

Pode ser tomada em dose única diária, normalmente durante o dia, porém pode ser ministrada a qualquer hora do dia em que for tolerada4.

Pode ser ingerido com ou sem alimentos.

Quais são os efeitos colaterais?

A maior parte dos efeitos colaterais surgem e desaparecem ao longo das duas primeiras semanas de uso da medicação6.

O efeito colateral mais comum (que ocorre em mais de 10% dos pacientes) é náusea.

Não se trata de medicação “tarja preta” e não provoca dependência química3.

Possui tendência neutra em relação a alterações de peso7.

Potenciais vantagens

A diversidade de apresentações (comprimido de 5, 10, 15 e 20mg) permite a tomada de um único comprimido ao dia, independentemente da dosagem3.

Pode ser utilizado em tomada única diária3.

Uma das melhores opções para evitar efeitos colaterais sexuais, ganho de peso e sedação ou sensação de estar dopado4.

Vários estudos apontando eficácia na depressão em idosos4.

Vários estudos apontando melhora de sintomas cognitivos relacionados à depressão (como perda de memória, perda de concentração, lentidão de raciocínio) 4.

É uma medicação relativamente fácil de ser retirada4.

Potenciais desvantagens

Atualmente possui custo muito elevado e inacessível para a maioria da população.

Baixa variedade de indicações (vide “Quando é indicado?”).

Interação com medicações que induzem ou inibem a ação de uma enzima do fígado chamada 2D64.

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https://www.youtube.com/@otomdapsiquiatria

Referências

  1. GHAEMI, S. N. Clinical Psychopharmacology: principles and practice. New York, NY: Oxford University Press, 2019.
  2. STAHL, S. M. Stahl’s Essential Psychopharmacology: Neurocientific Basis and Pratical Applications. 5th Edition. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2021. ­­
  3. https://pro.consultaremedios.com.br/bula/brintellix acessado em 10/03/2022
  4. STAHL, SM. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl: guia de prescrição.
    6ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2019.
  5. HENIGSBERG, N. et al. A randomized, double-blind, placebo-controlled 8-week trial of the efficacy and tolerability of multiple doses of Lu AA21004 in adults with major depressive disorder. The Journal of Clinical Psychiatry, 2012.
  6. TAYLOR, DM; BARNES, TRE; YOUNG, AH. The Maudsley Prescribing Guidelines in Psychiatry. 14th Edition. New York, NY: Wiley Blackwell, 2021.
  7. GILL, H. et al. Antidepressant Medications and Weight Change: a Narrative Review. Obesity, 2020.