Bulimia Nervosa
O que é?
Pessoas com este transtorno apresentam frequentes episódios de compulsão alimentar, durante os quais ingerem uma grande quantidade de alimentos em um curto período de tempo. Após tais episódios, realizam algum comportamento para “compensar” o que comeram, como a indução de vômito. Acomete até 1% das pessoas ao longo da vida, sendo mais comum em mulheres1.
Quais são os sintomas?
Os episódios de compulsão alimentar são períodos de até 2 horas durante as quais a pessoa come uma quantidade de comida muito maior do que o normal, come mais rapidamente, continua comendo sem sentir fome e após se sentir cheia (normalmente continua comendo até se sentir mal ou “estufada”) e o faz escondido por vergonha dos outros. Durante a ingestão de alimentos a pessoa sente que perdeu o controle e, após terminar, se sente culpada/envergonhada/enojada consigo mesma. Tais episódios ocorrem ao menos 1 vez por semana por ao menos 3 meses para se considerar o diagnóstico.
Após realizar a compulsão alimentar, a pessoa irá tomar alguma atitude para “compensar” a grande quantidade de alimento ingerida. O mais comum destes comportamentos é a indução de vômito, normalmente feita de forma escondida. Outros comportamentos compensatórios incluem realização de jejum, exercícios físicos excessivos, uso de laxantes, diuréticos ou medicações para emagrecer.
Pessoas com bulimia nervosa supervalorizam a importância do peso e da aparência física apesar de terem peso normal, sobrepeso ou mesmo obesidade.
Diversos sintomas podem ocorrem em decorrência da indução frequente de vômitos, como esofagite, desidratação, desgaste do esmalte dentário, , redução do potássio, do sódio e do cloro, arritmias cardíacas e convulsões.
Obs: o contexto da ingestão de alimentos é importante, de forma que não é considerada compulsão alimentar a alta ingesta de alimentos que tipicamente ocorre em festas ou em restaurantes de rodízio.
Como a doença surge e evolui?
Tipicamente (mas não obrigatoriamente) os sintomas se iniciam na adolescência e em adultos jovens após algum evento que funcione como “gatilho”. Este evento pode ser a realização de uma dieta, sofrer bullying ou se sentir humilhado por conta do próprio peso.
A evolução da doença é variável, sendo que 45% dos pacientes irá apresentar recuperação, 38% apresentam períodos de melhora e recaída ao longo da vida e 23% terão sintomas persistentes ao longo da vida. Alguns pacientes podem agravar e evoluir para um quadro de anorexia nervosa.
Como é o tratamento?
O tratamento ideal será realizado por vários profissionais de saúde, incluindo psicólogo, nutricionista e psiquiatra.
Poderão ser prescritas medicações para reduzir a compulsão alimentar, como fluoxetina e topiramato. Também poderão ser prescritas medicações para o tratamento de comorbidades psiquiátricas (como depressão e transtornos de ansiedade).
Em casos graves, poderá ser necessária realização de internação hospitalar para correção de distúrbios hidroeletrolíticos (potássio, sódio ou cloro baixos), por conta de desidratração grave ou de risco de suicídio.
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Referências
- Engel, S. et al. Bulimia nervosa in adults: Clinical features, course of illness, assessment, and diagnosis. UpToDate, 2020. Accessed in 19/10/20
- APA. Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed 2014.
- SADOCK, B.J. Compêndio de psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2016.
- SADOCK B.J. et al. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry. 10th Edition. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2017.
- Couturier, J. et al. Canadian guidelines for the treatment of children and adolescentes with eating disorders. Journal of Eating Disorders, 2020.