Dependente

Transtorno da Personalidade Dependente

Atenção!

Ao ler sobre transtornos de personalidade, é importante ter em mente que nenhum diagnóstico deve ser visto como um “rótulo”. Cada indivíduo é único e não se resume às características do transtorno mental que possui, de forma que pessoas com o mesmo diagnóstico podem ser muito diferentes uma da outra. Além disso o número e gravidade dos sintomas varia bastante de caso a caso.

Todo transtorno de personalidade deve levar em conta que os sintomas estão presentes em vários contextos, são inflexíveis, persistem desde (no mínimo) o início da vida adulta e trazem alguma forma de sofrimento e prejuízo para o indivíduo e para terceiros.

O que é?

Pessoas com este transtorno são excessivamente inseguras, possuem baixa autoestima e acreditam que são incapazes de cuidar da própria vida. Por conta disso, buscam outras pessoas (geralmente o pai, mãe ou cônjuge) para fornecer orientação, apoio, proteção e para serem cuidados. Tendem a ser muito submissas, passivas e possuem muito medo de separação. Ocorre em 0,5 a 0,7% da população e é mais comum em mulheres.

Quais são os sintomas?

  1. Possuem medos exagerados de serem incapazes de cuidar de si mesmos. Tais medos são irreais e não decorrentes de limitações reais por adoecimento ou deficiências.
  2. Dificuldade de tomar decisões cotidianas por si próprio, como escolher quais roupas vestir ou fazer compras de supermercado.
  3. Precisa que outras pessoas assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida, como quais amizades deve ter, qual profissão escolher, qual trabalho exercer (ou não exercer), com quem se casar, onde morar, etc.
  4. Dificuldade de tomar iniciativa por insegurança, precisando que outros concordem, encorajem e supervisionem os seus planos.
  5. Tem dificuldade de discordar por medo de perder o apoio, especialmente da pessoa que assume papel de cuidador(a). Podem concordar com coisas que discordam ou aceitar fazer coisas que não querem para evitar confrontos.
  6. Vai a extremos para obter carinho e apoio dos outros.
  7. Possui preocupações irreais de ser abandonado.
  8. Busca com urgência um novo relacionamento após um término, seja por morte ou separação.

Como a doença surge e evolui?

Os sintomas surgem entre a infância e até, no máximo, o início da idade adulta. Acredita-se que o transtorno ocorra como resultado da interação entre risco genético, características psicológicas (insegurança, dificuldade de se posicionar, baixa autoestima) e ambientais (como adoecimento grave na infância, pais superprotetores ou excessivamente autoritários).

Pouco se sabe sobre a evolução da doença, mas existem boas perspectivas de melhora com tratamento.

Como é o tratamento?

O principal tratamento é a psicoterapia, sendo a psicoterapia cognitivo comportamental a mais estudada. A terapia irá trabalhar a autoimagem, as crenças que a pessoa possui sobre si mesma e seus medos de ser julgado pelos outros.

Não há medicações específicas para o tratamento deste transtorno, mas poderá ser necessário uso de antidepressivos para o tratamento de depressão ou de transtornos de ansiedade.

Quer saber mais?

Busque “personalidade dependente” e “psiqweb” ou “msdmanuals” ou acesse os seguintes links:

http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=157

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-dependente-tpd?query=dependente

O filme “Igual tudo na vida” mostra as dificuldade de Jerry (Jason Biggs) em romper diversos relacionamentos, dizer “não” e seu medo de desagradar aos outros.

Quer saber mais? Link para o meu canal no youtube:
https://www.youtube.com/@otomdapsiquiatria

Referências

  1. APA. Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed 2014.
  2. DISNEY, K.L. Dependent Personality disorder: a critical review. Clinical Psychology Review, 2013.
  3. SADOCK, B.J. Compêndio de psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2016.
  4. SADOCK B.J. et al. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook of Psychiatry. 10th Edition. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2017.