Lurasidona
Atenção
Este informativo tem finalidade exclusivamente didática. Ninguém deve iniciar, suspender, aumentar ou reduzir a dose desta medicação sem orientação médica.
Este informativo não substitui a leitura da bula do medicamento.
Nomes
Lurasidona é o nome do princípio ativo da medicação, mas atualmente não são comercializados genéricos ou manipulados. Nomes comerciais de similares incluem: Lutab® (Aché). A medicação de referência (“original”) tem nome comercial Latuda® (Daiichi Sankyo).
O que é?
Popularmente denominado “antipsicótico” e “estabilizador de humor”, apesar de possuir diversas outras indicações além de quadros psicóticos e transtorno bipolar. Trata-se de um antagonista dopaminérgico de segunda geração1.
Como funciona?
Seus principais mecanismos de ação são o bloqueio de receptores de dopamina D2 e D4 e bloqueio de receptores de serotonina 5HT2A e 5HT7, apesar de possuir vários outros mecanismos de ação de menor importância2.
Quando é indicado?
Na bula da medicação constam indicação para episódios depressivos no transtorno bipolar e para esquizofrenia3.
Porém outras indicações que não constam na bula incluem: episódio maníaco e misto no transtorno bipolar, outros transtornos psicóticos, depressão resistente ao tratamento, transtornos comportamentais na demência e em crianças/adolescentes e controle da impulsividade 4.
Quais sintomas serão tratados?
A melhora proporcionada pela medicação irá depender do seu diagnóstico.
Sintomas psicóticos como alucinações auditivas e visuais (p. ex. escutar vozes e ver vultos), delírios persecutórios (manias de perseguição) e outras formas de delírios4.
Sintomas depressivos como humor entristecido na maior parte do tempo e perda de interesse por atividades antes prazerosas4.
Sintomas de mania como agitação, agressividade, impulsividade e comportamento acelerado4.
Quanto tempo demora para agir?
A melhora clínica não é imediata, mas sim progressiva e cumulativa ao longo do tempo. É esperado que ocorra uma melhora parcial após 2 semana de uso no tratamento da depressão bipolar, apesar de haver melhora progressiva até a 6ª semana de uso5.
Como devo utilizar?
A dose típica desta medicação varia de acordo com a indicação. No transtorno bipolar a dosagem típica varia de 20 a 60mg ao dia, podendo chegar a 120mg ao dia4. Na esquizofrenia a dosagem típica varia de 40 a 80mg, podendo chegar a 160mg ao dia4.
Seu uso é normalmente indicado em dose única, pela noite, após ingestão de alimentos (recomenda-se refeição de ao menos 350kcal)3. Se ingerido sem alimentos, até 50% da medicação não será absorvida3.
Quais são os efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais causados pela lurasidona variam muito de acordo com o organismo da pessoa e com a dose da medicação6.
Segundo estudos citados pela bula da medicação, os efeitos colaterais mais comuns são acatisia (sensação de inquietação que melhora com o movimento e piora com o repouso), sonolência e náuseas.
Engorda, vicia ou deixa dopado?
Um revisão sistemática não encontrou diferença entre ganho de peso com a lurasidona em relação ao placebo e, além disso, aponta esta medicação como uma das mais seguras para se evitar efeitos colaterais metabólicos (ganho de peso, aumento da glicemia e aumento do colesterol).
Não é uma medicação de tarja preta e não provoca dependência química.
Parte dos pacientes irão sentir sonolência (14% contra 6% dos pacientes que tomaram placebo)3.
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Referências
- GHAEMI, SN. Clinical Psychopharmacology: principles and practice. New York, NY: Oxford University Press, 2019.
- STAHL, SM. Stahl’s Essential Psychopharmacology: Neuroscientific Basis and Practical Applications. 5th Edition. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2021.
- https://bula.gratis/pdfs/latuda_3419892020_12231731-repaired.pdf
- STAHL, SM. Fundamentos de psicofarmacologia de Stahl: guia de prescrição.
6ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2019. - LOEBEL, A et al. Lurasidone Monotherapy in the Treatment of Bipolar I Dpression: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Study. American Journal of Psychiatry, v. 171, p. 160–168, 2014.
- PILLINGER, T. et al. Comparative effects of 18 antipsychotics on metabolic function in patients with schizophrenia, predictors of metabolic dysregulation, and association with psychopathology: a systematic review and network meta-analysis. The lancet. Psychiatry, v. 7, n. 1, p. 64–77, 2020.